quinta-feira, janeiro 02, 2014

Luz dos olhos meus

Lembro da época que tirar foto de reflexo para mim significava tirar uma foto do que via através de um espelho. Sim, sabia que a água refletia, que os vidros também, mas não enxergava a poesia em nenhuma das superfícies reflexivas, não ficava encantada, como hoje fico.

A luz dos meus olhos não se identificava com as formas refletidas que vislumbrava, mas timidamente isso foi mudando, até que a timidez foi dominada pela paixão.

Ano passado reencontrei um desenho de Escher, onde vemos ele através do reflexo de um globo. Sim, havia visto essa imagem antes, revê-la me tirou o fôlego, como se a tivesse apreciando pela primeira vez. Mas não me recordei vivamente desta referência quando deslumbrei-me com a bola de natal e comecei a fotografá-las em meu cotidiano.

Por Escher

Recentemente revi um documentário alagoano chamado Mirante Mercado, de Hermano Figueiredo, fiquei me perguntando se havia percebido o reflexo em poça d'água em uma das cenas ao assisti-lo pela primeira vez há mais ou menos uma década, não faço a menor ideia se percebi ou o que senti. 

Hoje recebo um alento ao reconhecer ou tropeçar em referências antigas ou novas, conscientemente ou não. 

O deslumbramento ainda me cega, e possivelmente para toda a foto ou experiência reflexiva será preciso um amadurecimento de tempo indeterminado.

Não faço mesmo ideia de quantas coisas me passavam despercebidas ou ainda me passarão. Só posso agradecer pelas que vejo e procurar o equilíbrio para a luz dos olhos meus.

Piso de vidro do Caixa Cultural em Recife-PE.

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